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 estudo de caso 02 

Processo de desenvolvimento

em cenografia de jornalismo

Fabio Figueiredo - Rede Globo de Televisão

Entrevista feita por email com Fabio Figueiredo

(Supervisor Executivo de Cenografia em Jornalismo da Rede Globo de Televisão)

 

São Paulo, 16 de maio de 2019

São quantos integrantes aproximadamente na sua equipe? E quais as funções deles? Todos são designers/arquitetos ou com formação na área de criação?

Tem um supervisor de cenografia (chefe de cenografia), que sou eu. Tem um cenógrafo que é designer. Tem uma cenógrafa júnior que é arquiteta. Tem um estagiário, arquiteto. Um analista de projetos, que é arquiteto também, que faz detalhamento, faz toda a parte de orçamento, detalhamento dos projetos e esse tipo de coisa. Um supervisor de cenotecnia, que cuida da manutenção dos cenários, acompanha a construção, montagem... essas coisas. Temos também três contra-regras, que eles basicamente movem os objetos de cena nos cenários. Temos onze terceirizados, que são a equipe de mão de obra para a montagem e desmontagem dos cenários e não são fixos.

 

Quando você recebe um briefing para começar um cenário novo. Vocês fazem uma reunião para receber as informações? Nessa reunião, toda a equipe que vai participar no processo de desenho está presente? E os apresentadores do programa também estão nessa reunião?

Quando a gente recebe o briefing fazemos uma reunião geralmente com o gerente de arte, com o diretor de arte e com as pessoas que estão envolvidas no projeto. Não necessariamente toda a equipe, porque cada integrante geralmente está encabeçando um projeto, mas ninguém faz nada sozinho.

 

Os apresentadores e os editores-chefes dos telejornais, eles só aparecem para acompanhar o processo depois que a gente já tem uma ideia produzida, depois que já tem uma pré-aprovação interna. Após a pré-aprovação a gente chama o apresentador, o editor-chefe, as pessoas que utilizarão o projeto para começar a colaborar. Aí eles fazem uns ajustes, a gente ajusta de novo, e assim vai indo...

 

E a aprovação final sempre é do diretor de jornalismo.

Depois que vocês já começaram a desenvolver o design, existem outras reuniões com pessoal que não faz parte da equipe de criação?

Existem outras reuniões internas. Geralmente são semanais, mas depende também da escala do projeto, da importância do projeto e do tempo que a gente tem. Às vezes a gente não tem tanto tempo. Mas é sempre bom a gente fazer update interno para ir alinhando o projeto... dando rumo ao projeto.

Sobre reuniões com pessoal que não faz parte da equipe de criação: Durante o processo de criação só fica entre a gente mesmo. Depois a gente começa a envolver tecnologia, quando envolve telão de LED ou algum outro equipamento, ou coisa que a gente dependa de hardware, programas e softwares específicos para aquilo. Por exemplo, cenografia virtual ou inserção virtual a gente depende da tecnologia, então a gente já começa envolvê-los antes das aprovações finais.

Quando há reuniões com o pessoal que não é da sua equipe, como vocês apresentam e discutem o projeto? (Com apresentações de PPT, desenhos, maquetes, etc..?)

Quando a gente apresenta para o pessoal que não é da equipe, geralmente, são PPT's ou imagens da maquete eletrônica. Basicamente é isso, temos animações também. Quando o projeto é muito grande, como o Jornal Nacional, a gente fez várias simulações de grua, de câmera, de paralaxe, de fundos…

 

Então assim, depende muito da escala do projeto.

A gente monta uma reunião, apresenta um ppt e às vezes a gente envolve primeiro a tecnologia para não vender coisa errada para os demandantes do projeto.

 

Após a aprovação interna, e, a aprovação com a tecnologia quando dependa deles, a gente chama o pessoal para uma reunião e apresenta para os editores chefes dos telejornais. Para os apresentadores muito raramente a gente apresenta, eles só chegam na hora da estreia do programa. Então geralmente é o editor chefe. Se o programa for de jornalismo ou de esportes, o editor, e o chefe-geral do esporte também dá uma olhada, e assim vai indo...

 

Mas geralmente é assim: é uma reunião com PPT ou imagem em uma tela, em um monitor.

Conecta o laptop em um cabo HDMI e vai apresentando.

[...] no processo de desenvolvimento não é muito produtivo você usar o ambiente virtual. Por quê? Geralmente os ambientes não tem ferramentas de modelagem complexa da maneira que a gente precisa. Então, já que você tem que modelar em um ambiente externo é muito mais fácil você modelar e renderizar de uma vez, e, uma vez renderizado, a gente passaria para um cenário real-time. É só apenas uma questão de processo, de não fazer sentido mesmo a gente criar direto em um ambiente virtual.

—  Fabio Figueiredo

Vendo as imagens no instagram, vi que vocês produzem alguns sketchs e mockups. Quanto tempo aproximadamente vocês levam criando protótipos e depois analisando eles?

A gente procura sketch sim e mockup.

 

Mockup é quando a gente não tem tanta certeza como vai ser o resultado, geralmente quando tem muita grana envolvida, ou quando tem muitas áreas envolvidas, como foi o caso exatamente do JN, onde a gente estava praticamente construindo uma redação em conjunto com a equipe de obras e de tecnologia (que diga-se entre aspas “é a engenharia da televisão").

Então a gente faz, a gente analisa, mas não tem muita regra, sabe? Então, protótipo geralmente a gente manda para alguém fazer, raramente a gente faz. No caso de uma maquete, a gente contrata uma empresa de maquete, o cara faz a maquete e manda, e, a gente começa a fazer os testes em escala menor.

Vocês fazem diferentes mockups? (Por exemplo, um modelo bem simples pra analisar tamanhos e depois um modelo mais elaborado para ver próximo do resultado final?).

Se a gente faz diferentes mockups? Sim, é sempre de acordo com a complexidade do projeto, não tem regra.

 

A gente nunca fez mais que dois mockups, a não ser por exemplo, aquele mockup em tamanho real no Jornal Nacional. A gente fez primeiro um mockup bem mais simples para achar a altura do praticável da redação. Depois a gente fez o praticável redondo (a gente chama de queijo) em tamanho real para sentir o ambiente e nesse teste a gente descobriu que o praticável deveria ter um raio um metro menor. Então, o raio que era de seis metros, baixou para cinco, porque o praticável ficou muito grande em relação ao ambiente. Nesse caso a gente usou dois mockups, nos outros não.

 

Mas é muito difícil mesmo a gente fazer mockup, é só quando a ideia é muito maluca ou então o projeto é muito complexo.

 

Existe algum material específico que vocês prefiram trabalhar nos mockups?

A gente faz com MDF, geralmente, acrílico, acetato… É material comum de empresa de maquete de arquitetura. Então a gente tem uma que a gente trabalha, eles fazem um preço bom, então eles fazem tudo para gente. E também, eles usam corte a laser e essas ferramentas de sempre.

 

São feitos protótipos de diferentes escalas? Vocês analisam o que em cada escala?

A escala depende, a gente tem que ter uma escala que precisa visualizar o que a gente quer, então não tem muito modelo.

 

Como falei, no Jornal Nacional a gente fez um protótipo 1:1. Outras peças, como por exemplo, a projeção do Jornal Nacional a gente trouxe um vidro curvo, do mesmo material que seria o real, a gente fez um modelo 1:15. Usamos câmeras menores e um projetorzinho daqueles bem caseiros, tipo AliExpress, para simular os projetores reais. Então a gente fez aí uma escala inversa: a partir do projetor e do vidro, que a gente conseguiria importar, que tamanho teria que ser o protótipo?

 

Então, de novo, não tem regra, mas como falei, a cada dez projetos a gente faz um protótipo. Geralmente, como a gente já tem uma certa experiência, o próprio modelo 1:1 que a gente vai fazendo no 3DMax, ou no Rhino, a gente já vai simulando as câmeras, o enquadramento, etc… então é difícil a gente usar um protótipo mesmo.

Outro que a gente está usando protótipo é o Globo Repórter novo. Ele tem várias placas com reflexão, então a gente mandou construir um mockup, onde essas placas são pivotantes (que serão pivotantes mesmo), para ajudar a gente a encontrar a posição real dos espelhos. Quando estrear vocês vão entender o que eu estou falando, rs.

Acredito que haja um planejamento de tempo para execução de cada etapa, certo? Quanto tempo é dedicado ao desenvolvimento do design e quanto é dedicado a execução final (o que aparece na TV para gente)?

O planejamento, tempo de cada etapa, depende. A gente já teve que fazer cenário em um dia e a gente já conseguiu fazer cenário em três anos. Então, não existe.

Tem aqueles projetos que a gente tem um planejamento, então entra em orçamento anual. Por exemplo, a gente tenta aprovar a mudança de tantos cenários. Esse ano a gente está mudando o Bom Dia Brasil, tem o Globo Repórter, vai ter o Esporte também… Então esses projetos já estavam em orçamento, e estando em orçamento, eles entram em uma fila e o cronograma depende do tempo disponível para cada designer e arquiteto (nossa equipe é pequena).

Então não tenho nem como falar para você cada etapa. Mas o brainstorming geralmente é um dia, a gente faz uma reunião inicial de kickoff. Daí a gente passa para um membro da equipe, e essa pessoa tem orientação, aqui em São Paulo sou eu que vou orientando, quando não sou eu que estou fazendo. Então cada um vai fazendo sua parte… Falando assim, deve ser de semana em semana, ou de quinze em quinze dias.

Mas é o que eu falei para você: é um brainstorming e depois direto criação no 3D, não tem outra etapa. Então vamos fazendo 3D até a hora que fica bom, até a hora que a gente tem disponível. Porque muitas vezes a gente faz a conta inversa, olha que o cenário vai estrear em tal dia, e, a gente faz o planejamento a partir disso.

 

Mas geralmente, o detalhamento e o orçamento demora de uma a duas semanas. Isso aí é um prazo que é bem consistente. De uma a duas semanas para detalhar e orçar o projeto.

Para construir um projeto varia de uma semana à um mês, depende também do projeto.

E a implantação ou é em um final de semana, ou dependendo como for, uma semana inteira. Só que quanto maior o prazo de execução, significa que o programa, que geralmente já está no ar, tem que ser usado um plano B para ele. Pode ser um chroma-key ou a gente pode pegar um pedaço de um cenário que a gente desmontou e colocar em um canto para simular que é o cenário antigo, para a gente ter o estúdio livre para implantar o cenário. Então a implantação vai de três dias (um final de semana) até uma semana, às vezes até mais quando se inclui os testes pós-montagem (teste de enquadramento, de engenharia...).

Para o Bom Dia Brasil, que vai ser agora, a gente está esperando de duas a três semanas de montagem e teste.

 

Existe alguma etapa do projeto que demande muito tempo, que você acha que poderia ser bem mais rápido se houvesse uma otimização no processo?

O processo que demanda mais tempo é o de criação, com certeza. A implantação é rápida, e a gente nem tem tempo para implantar. Então, se é um cenário simples, a gente começa na sexta-feira, vai varando o dia e madrugada, para segunda-feira estar pronto. A gente sempre tenta fazer no menor tempo possível, mas um cenário que demora muito para implantar (aqueles grandes), são no máximo três semanas (isso deve ter sido o máximo que eu já vi).

O que poderia ser mais rápido é se a gente tivesse pessoal exclusivo para fazer os projetos e outro para fazer a cenografia factual. O que seria a cenografia factual? “Ah, caiu uma ponte e vai fazer uma entrevista exclusiva com o secretário no gabinete…” Então a gente faz toda a logística, coloca piso, montagem… às vezes tem que levar um telão… São chamadas externas. Então, são essas coisas que vão aparecendo… Tem que pegar nota fiscal, detalhar... coisa que leva muito tempo. Às vezes o Fantástico pede um quadro “Ah, a gente que montar um teste bem teatral não sei em que lugar…”, aí a gente tem que ir lá, fazer visita, fazer uma proposta rapidinho de projeto…

Então isso é o que eu chamo de cenografia factual, do dia-a-dia. Se a gente conseguir ter uma equipe dedicada só para projeto e outra dedicada só para o factual, ajudaria. Mas não que isso excluísse a interação entre a equipe, que é super importante.

 

Vocês utilizam ou já pensaram em utilizar ambientes imersivos (ex. óculos de realidade virtual) durante o processo de desenvolvimento?

A realidade virtual para aprovação dos clientes é um pouco mais difícil. É complicado você mandar pedir para um diretor de jornalismo usar um óculos VR, então isso é um pouco mais complicado.

 

Uma coisa que a gente já pensou em fazer, que pode ser muito interessante, mas também tem que ser um cenário grande para vale a pena: é criar todo o ambiente e você andar por ele como se estivesse jogando um videogame e o cliente vê esse processo. Poderia ser muito interessante para ele. Então, nesse caso, a gente usaria o Unreal.

A gente tem uns estudos, mas por enquanto a equipe é um pouco pequena, e, a gente só pode usar esse Unreal na hora que estiver homologado pela casa. O Unreal é de graça, mas se você começar a usar ele para fins profissionais você tem que pagar, né?

 

Você ou alguém da sua equipe já tentou criar um modelo 3D usando óculos de realidade virtual?

No processo de desenvolvimento não é muito produtivo você usar o ambiente virtual. Por quê? Geralmente os ambientes não tem ferramentas de modelagem complexa da maneira que a gente precisa. Então, já que você tem que modelar em um ambiente externo é muito mais fácil você modelar e renderizar de uma vez, e, uma vez renderizado, a gente passaria para um cenário real-time. É só apenas uma questão de processo, de não fazer sentido mesmo a gente criar direto em um ambiente virtual.

 

Mas sim, pode ajudar no processo. É uma coisa que a gente de criação pode fazer um modelo e testar em um ambiente virtual com óculos para ter uma ideia.

 

Pode ser útil sim, só que a gente não tentou isso ainda.

Estudo de Caso 01

Uso de protótipos em

Design de Brinquedos

RV

Realidade Virtual

para criação de protótipos

© 2019 por CAMILA O. GHENDOV.

Trabalho de Conclusão de Curso

Arquitetura Digital e Projetos Paramétricos

Centro Universitário Belas Artes de São Paulo

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